ATA DA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 11-7-2002.

 


Aos onze dias do mês de julho do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Fernando Záchia e Juarez Pinheiro, Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quinta Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Reunião de Instalação da Segunda Comissão Representativa e as Atas da Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Reuniões Ordinárias, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, os Pedidos de Informações nºs 157 e 169/02 (Processos nºs 2263 e 2406/02, respectivamente); pelo Vereador Paulo Brum, 02 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado o Ofício nº 498/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, retificando o Ofício nº 497/02, apregoado durante a Sexta Reunião Ordinária, informando que Sua Excelência se ausentará do Município das nove horas do dia onze até o dia treze de julho do corrente, a fim de participar da 43ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, a ser realizada em Vitória - ES. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios n°s 428, 429, 434 e 495/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli Sell manifestou-se sobre os trabalhos da Comissão Representativa, chamando a atenção para a importância dos debates alusivos à Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de dois mil e três. Nesse sentido, apontou a necessidade de adequação fiscal e financeira nas diversas instâncias governamentais e debateu questões pertinentes à sonegação, por empresas sediadas no Município, do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. O Vereador João Antonio Dib reportou-se ao pronunciamento do Vereador Adeli Sell, especificamente no que tange à destinação de recursos auferidos através da arrecadação de tributos, contrapondo-se à aplicação de verbas públicas municipais no sistema financeiro nacional. Também, pronunciou-se sobre as condições de segurança no entorno do Belvedere Deputado Rui Ramos e criticou a postura adotada pelo Senhor José Paulo Bisol na condução da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança. O Vereador Raul Carrion registrou o transcurso, ontem, do primeiro ano de aprovação do Estatuto da Cidade, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal. Em relação ao assunto, analisou os principais objetivos dessa legislação, comentando dados relativos à ocupação dos espaços urbanos, especialmente no que se refere à aplicação de institutos jurídicos pertinentes ao tema e aludiu à implantação de alíquotas progressivas do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - no Município. O Vereador Ervino Besson discursou sobre problemas enfrentados pela comunidade discente e docente do Instituto Santa Luzia, com referência às condições de urbanidade e segurança de área de propriedade do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, localizada nas proximidades da referida instituição de ensino. Também, ressaltou a necessidade da adoção de medidas, pela Superintendência desta entidade, no intuito de proceder à manutenção e limpeza daquele local. O Vereador Fernando Záchia discorreu sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 094/02 (Processo nº 1626/02), de autoria de Sua Excelência, que dispõe sobre o pagamento parcelado de multas de trânsito, tecendo considerações sobre a tramitação do mesmo na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Ainda, informou ter solicitado que o referido Projeto seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município, após o período de recesso parlamentar. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib, presidindo os trabalhos, manifestou-se sobre o transcurso do primeiro ano de regulamentação do Estatuto da Cidade. Às dez horas e vinte e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson e João Antonio Dib, os dois últimos nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Ervino Besson, como Secretários "ad hoc". Do que eu, Adeli Sell, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos na Comissão Representativa desta Câmara Municipal, e seria extremamente importante que neste período nós fizéssemos alguns debates que ficaram para trás no primeiro semestre. Quando nós discutimos a Lei de Diretrizes Orçamentárias, recentemente, poucos Vereadores se pronunciaram. Se as senhoras e senhores verificarem as pautas, vão verificar que foram os mesmos Vereadores, em uma seqüência de reuniões, que utilizaram os seus 10 minutos - momento privilegiado desta Casa -, para discutir o Orçamento. No entanto, nenhum Vereador buscou a discussão e o debate sobre um tema que nós levantamos aqui, que é a questão da arrecadação. Um dos grandes problemas, hoje, é a questão do equilíbrio fiscal e financeiro dos entes públicos. A Federação está endividada, Ver. João Antonio Dib, muito endividada; a dívida externa está quebrando a Nação brasileira; as pressões do mercado financeiro internacional quebraram a Argentina.

O Rio Grande do Sul conseguiu nesses últimos quatro anos, sem venda de estatais, fazer com que os funcionários recebessem em dia, com que não houvesse mais PDV, e houvesse, inclusive, uma readequação e um reequilíbrio de salários de algumas categorias, que de longe estão respondendo às demandas, mas evidentemente que foram os reajustes mais adequados dos últimos governos, por exemplo, na área da educação, e de longe, Ver. Ervino Besson, respondem às demandas do professores. Imaginem o que nós estamos vendo em outras Prefeituras. Em Santa Cruz do Sul, as páginas dos jornais mostraram que o Prefeito faz reuniões extraordinárias para aumentar o seu salário. O seu salário! Aqui em Porto Alegre, nós levantamos um debate da estagnação da arrecadação na área tributária. No ano passado, propusemos a mudança da Planta de Valores. No entanto, não houve condição política para fazer o debate, porque o debate foi partidarizado, foi feita uma oposição sem princípios, sem debater a proposta efetivamente aqui levantada.

Nesse segundo semestre, depois de um reestudo da Prefeitura Municipal, em que são aceitas, em que são vistas questões tratadas nesta Câmara, a nossa Administração colocará na Pauta novamente a questão da tributação. Mas nós queremos, meus caros colegas Vereadores, discutir não só o IPTU; queremos discutir, por exemplo, o ISS. Eu, na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento desta Casa - o Ver. João Antonio Dib sabe muito bem disso - fui o artífice de uma discussão que, inclusive, diminuiu a alíquota de serviços terceirizados nas áreas, principalmente, de asseio e vigilância. No entanto, nós ainda continuamos com problemas nessas áreas.

Eu fiz a denúncia ontem sobre a questão das ilegalidades, uma grave ilegalidade, que é a questão da receptação, que é pior do que o roubo. Nós temos uma brutal sonegação, e não apenas uma sonegação; nós podemos ter empresas inadimplentes, pessoas que atrasam o pagamento de seus tributos, o que é natural em um mundo de crise, é natural numa economia conturbada como a nossa. Mas há sonegação e há maracutaia na montagem de empresas, principalmente prestadoras de serviços, que não pagam devidamente o ISSQN. Na semana passada, recebi uma denúncia aqui sobre mais uma falsa cooperativa, que não recolhe tributos. Descobri uma outra empresa que, na verdade, tem três razões sociais diferentes, dois endereços em Porto Alegre, e simplesmente inscreveu-se no ISS; tem mais de mil trabalhadores. No entanto, não pagou um centavo sequer de ISSQN. Isso é muito grave. Nós temos de fazer o enfrentamento de falsas empresas. E queremos chamar aqui o Presidente da Junta Comercial e fazer um debate sobre a sobreposição de empresas que existem e que, na verdade, não são empresas reais: são empresas de fachadas, são laranjas, que muitas vezes não se encontram no município de Porto Alegre registradas, mas estão em Eldorado do Sul, no outro lado da ponte. As várias cooperativas falsas estão registradas em Butiá, no entanto elas têm sede efetiva em Porto Alegre, na verdade atuam aqui. Nós estamos contra as ilegalidades. Tolerância zero com as ilegalidades! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tolerância zero com as ilegalidades. Cada vez eu gosto mais do Ver. Adeli Sell. O Vereador veio aqui e falou em equilíbrio orçamentário, falou em tributar mais, arrecadar mais, não só do IPTU. Mas para que isso ocorra, Ver. Adeli Sell, é necessário que os arrecadadores tenham idoneidade moral. Quem arrecada o dinheiro do povo e não o aplica não é um bom administrador; para esse nós temos que ter tolerância zero. À Prefeitura falta idoneidade moral para querer arrecadar mais, porque arrecada apenas para colocar no sistema bancário para render juros. O dinheiro arrecadado do povo, de forma furiosa, não pode ser para aplicar e render juros. Eu não conheço na história da humanidade - nem vou falar da Prefeitura de Porto Alegre da qual eu tive a honra de ser Prefeito, uma Prefeitura, um Estado que têm dinheiro apenas para aplicar no sistema financeiro. Há 150 milhões de reais aplicados no sistema financeiro, quando para fazer uma obra como é a recuperação do complexo do Conceição se precisa de 2 milhões de reais, estão esperando que se consiga empréstimo. Quem tem mais de 200 milhões de reais no sistema bancário faz empréstimo de 2 bilhões de reais, e não de 2 milhões, que se refere a um troco, e ele tira dos 220 que ele tem lá no sistema bancário. Portanto, precisa ter idoneidade moral para falar em arrecadar mais, porque todo o dinheiro do povo deve ser aplicado em benefício da coletividade para que o bem comum seja realizado.

Em 1993, o Dr. José Loureiro da Silva era o grande Prefeito desta Cidade, e o Dr. Walter Haetinger era o seu Secretário de Obras, e eles pensaram em fazer uma belíssima obra para que o porto-alegrense e aqueles que visitam Porto Alegre pudessem realmente apreciar a beleza, não só do pôr-do-sol, mas a beleza da própria Cidade, e nasceu aí o Belvedere Ruy Ramos. Eu tenho um pouco de satisfação por ter ajudado naquela obra, porque o Arquiteto Cláudio Ferrari era o Diretor de Praças e Jardins e precisava transportar aquela extraordinária figueira, que já era adulta, lá para o alto do morro, e eu, junto com o meu pessoal da Secretaria Municipal de Transportes, ajudei, transportei e aquela figueira está embelezando a Cidade, mas o sonho de Loureiro da Silva e de Walter Haetinger está sendo transformado em um pesadelo, porque não há segurança nenhuma e com muita freqüência ocorrem assaltos durante o dia; existem agressões e mortes. Então, talvez fosse importante riscar das belezas da Cidade o Belvedere Ruy Ramos, lá no Morro Santa Tereza. Não dá para entender que ele não seja um ambiente seguro e tranqüilo, porque lá existem quatro televisões: Guaíba, TVE, RBS TV e SBT. A Rua Correia Lima é bastante freqüentada, e não há policiamento suficiente para que o porto-alegrense e aquele que visita Porto Alegre visite o Belvedere Ruy Ramos. Aí eu não entendo, a não ser que eu tenha que, outra vez, recorrer ao meu amigo Adeli Sell que na palestra que o ilustre Secretário de Segurança, que devia ser só da Justiça e talvez fosse um excelente Secretário, diz o Ver. Adeli Sell: “Bisol encantou como Antropólogo mas decepcionou como Secretário”. Realmente, o Dr. Bisol tem feito com que a Polícia perca todo o seu estímulo, e se a Polícia Militar e Civil ainda trabalha é porque há muita dignidade no meio deles. Porque apesar das agressões que o Secretário faz com muita freqüência, eles continuam dando - dentro das suas limitações de recursos e de salários - um pouco de segurança. E aí o Secretário na sua palestra: “Se a Polícia quiser ter auto-estima, ela própria tem que acabar com a sua corrupção”. Ora, se eles sabem que existe corrupção e não acabou, ele já deveria ter saído no primeiro dia. O homem necessita sentir medo, mas o porto-alegrense, então, é um homem, com “h” maiúsculo, porque vive com medo, vive preso dentro de casa com grades enquanto os bandidos, com tranqüilidade, passam nas ruas da Cidade. Existem alguns maus coronéis e velhos delegados, que por corrupção ou cumplicidade silenciosa, não querem trabalhar. Pelo amor de Deus, vão para a casa, deixem a Polícia com os novos que são muito bons. Secretário, V. Ex.ª tinha que ter ido para a casa há muito mais tempo, porque se V. Ex.ª afirma que há corruptos, portanto, os conhece, não iguale todos, porque a maioria não é corrupta, não iguale todos, vá para casa um pouco mais cedo e talvez algumas coisas boas ainda possam acontecer para a Polícia Militar e Civil. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, queria registrar no dia de hoje que estamos completando um ano da edição, da aprovação do Estatuto da Cidade. Na verdade, a data é o dia 10, dia de ontem, mas hoje é a primeira Reunião que temos após esse fato. O Estatuto da Cidade levou 12 anos para ser aprovado no Congresso Nacional, depois de uma intensa luta dos movimentos sociais e, na prática, ele regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, que tratam da questão urbana, e que durante 12 anos não havia ocorrido uma única medida provisória, por exemplo, dentro das seis mil já feitas no Brasil para regular um assunto tão importante, mostrando que os interesses, digamos, dos nossos governantes nesse período foram outros apesar da gravidade do problema urbano.

Quais são as principais questões que o Estatuto da Cidade trata? Primeiro, ele coloca a questão da propriedade urbana não mais de uma forma absoluta, mas uma propriedade que tem que cumprir uma função social. E por que isso? Porque na cidade os serviços públicos, a água, a luz, o calçamento, tudo isso que é pago pelo conjunto da população muitas vezes está beneficiando vazios urbanos sem qualquer função social que valorize e enriqueça seus proprietários enquanto centenas de milhares de pessoas não têm onde morar. Porto Alegre é um exemplo disso; os últimos levantamentos que temos ciência dão conta de que cerca de 40% da área urbana, e me refiro aqui, Ver. João Antonio Dib, a antiga área urbana, não a que no último Plano Diretor foi considerada área urbana que seriam as áreas rurais da cidade, mas 40% são vazios urbanos. Enquanto isso cerca de quatrocentas mil pessoas são obrigadas a morarem em 2% da área da cidade, mostrando o contraste e a utilização sem qualquer fim social da propriedade urbana com fins puramente especulativos.

Além de definir a obrigação da função social da propriedade urbana o Estatuto da Cidade cria diversos mecanismos ou remédios para a especulação imobiliária; um deles é o parcelamento ou a edificação compulsória, ou seja, o Poder Público tem o poder em determinadas áreas de exigir do proprietário o parcelamento ou a edificação. Outro mecanismo é o IPTU progressivo no tempo que esta Casa deverá regulamentar em nível do Município. Portanto, a discussão, Ver. Ervino Besson, do IPTU progressivo é uma exigência, seja da constituição, seja agora do Estatuto da Cidade. Não tem nada a ver com fúria arrecadatória do Poder Municipal, ao contrário, é um mecanismo de reforma urbana. Não é um mecanismo que tem como seu principal objetivo a arrecadação, mas é o gerenciamento da área urbana para que ela cumpra a sua função social.

Outro mecanismo é a própria desapropriação com títulos da dívida pública. Anteriormente a propriedade, seja urbana, seja rural só poderia ser desapropriada com dinheiro vivo, através do Estatuto da Cidade, já previsto na Constituição, poderá ser desapropriada com títulos da dívida pública, com resgate em até dez anos.

Outro instrumento importante é o usucapião especial, diferente do usucapião de 20 anos, usucapião que permite, no prazo de cinco anos, a detenção da posse por cinco anos, sem oposição; será concedida a propriedade, somente, evidente, a terrenos de até 250 metros quadrados.

E, por fim, a própria concessão de uso que fica regulamentada no Estatuto da Cidade, pois não é possível o usucapião nas terras públicas. Então, nas terras públicas, com até cinco anos, até a aprovação do Estatuto da Cidade, poderão ser feitas as concessões de uso.

Por tudo isso, e concluo, Ver. João Antonio Dib, que já assumiu a presidência dos trabalhos, esta data, a comemoração de um ano, de um lado é de júbilo, mas por outro, queria registrar, ainda não se transformou, de letra da lei, em prática real, seja dos nossos Governos, seja do próprio Parlamento, que ainda precisa legislar de forma complementar.

Então, esperamos que na entrada desse segundo ano do Estatuto da Cidade, possamos, em Porto Alegre, a partir desta Casa, inclusive, dar passos importantes para transformar em realidade essa grande conquista constitucional e, agora, legal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PDT.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras e senhores que nos acompanham nas galerias e as pessoas que nos assistem pela TVCÂMARA, saúdo todos. Eu quero fazer um registro, no dia de hoje, aqui, desta tribuna, porque considero da maior importância, principalmente para a comunidade da Zona Sul, onde resido, pois naquele local existe uma grande área, Ver. João Antonio Dib, de vazios urbanos que é de propriedade do INSS e uma dessas áreas é lindeira com o Instituto Santa Luzia e está havendo, ali, uma série de problemas. Tem muito mato e a direção do Instituto Santa Luzia está preocupada com a segurança dos alunos. Segunda-feira, nós estivemos reunidos com a Superintendente do INSS, Dr.ª Teresinha – fomos muito bem atendidos por ela e pelo seu Chefe de Gabinete, Dr. Luiz Cândido -, e colocamos a preocupação da comunidade com aqueles terrenos baldios do INSS. Ficou acertado que amanhã, às 8h, o Dr. Luiz Cândido irá ao local, por solicitação da Dr.ª Teresinha, para averiguar o problema que os terrenos baldios do INSS estão ocasionando à comunidade. Eu quero tranqüilizar às pessoas, porque depois de colocadas as preocupações - eu inclusive apresentei fotos documentando a situação em que se encontra aquela área - , eu senti firmeza e acredito que a Dr.ª Teresinha e seu Chefe de Gabinete tomarão providências o mais rápido possível, para que aquela comunidade se tranqüilize. Alguma coisa tem de ser feita, principalmente no que se refere à limpeza daquelas áreas. O INSS terá de levar o caso ao conhecimento de instância superior do órgão competente, para que negociem aquelas áreas, porque é uma problemática. Quando é em patrimônio público a coisa se complica, mas aquela área faz um longo tempo que vem causando uma série de preocupações àquela comunidade, porque, periodicamente, tem de ser limpa, para a tranqüilidade e segurança das pessoas, e torna-se extremamente difícil, porque depende de orçamento, de recursos, e demoram a vir os recursos da União para que o INSS possa fazer a limpeza e manutenção daquelas áreas.

A Direção do Instituto Santa Luzia, escola que presta relevantes trabalhos à comunidade, a pessoas com problemas visuais, não pode trabalhar com essa preocupação. Houve lá uma série de problemas. Há poucos dias uma pessoa baleada entrou na escola, escondeu-se e causou uma situação extremamente difícil; houve um pandemônio na escola, e isso não pode acontecer. Aquela área deve ser rapidamente limpa, e o INSS vai ter de tomar algumas providências, fazendo uma programação para limpar aquela área periodicamente, para não acontecer o que está acontecendo.

Vamos acompanhar essa situação de perto. Amanhã de manhã, às 8 horas, estará lá o Chefe de Gabinete da Superintendência para fazer uma averiguação total da área, que deverá levar a situação daquela área ao conhecimento de seus superiores, para que possamos resolver aquele problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada solicitei regime de urgência para projeto de minha autoria que prevê a possibilidade de parcelamento das multas de trânsito em quatro vezes. Primeiro, entendo que essa matéria deveria ser amplamente debatida, discutida pelo conjunto dos 33 Vereadores, e pelas Comissões. Foi debatido na Comissão de Justiça, que é, sem dúvida alguma, a maior avaliação que, sobre essa matéria, pode ser feita sobre a sua constitucionalidade ou não, do poder do Vereador em fazer isso, ou da existência ou não do vício de origem. A Comissão de Constituição e Justiça entende, pela sua grande maioria, que a matéria não tem vício de origem, que o Vereador tem competência em fazer isso, porque ele não está mexendo nos valores, ele está só dando direito ao parcelamento; o valor final não mexe no Orçamento do Município, que estaria simplesmente fracionado, mas no seu total não haveria interferência. Também tinha o objetivo e o interesse que essa matéria pudesse ser discutida na CEFOR, porque envolve a dúvida que se tem em referência a discussão dessa matéria, na questão financeira. Só que ficou 30 dias na CEFOR, e essa matéria ficou 30 dias parada. Já terminamos esse primeiro semestre, entende este Vereador, e se ainda esperássemos todo o recesso, para depois a CEFOR retomar a discussão dessa matéria, nós estaríamos correndo o risco talvez de não votá-la no exercício de 2002 e não seria justo, se essa matéria fosse aprovada e sancionada pelo Sr. Prefeito, que os motoristas, as pessoas que têm multas a pagar, perdessem a oportunidade do benefício, no entendimento deste Vereador, dessa lei, se por ventura for sancionada, que é o seu parcelamento. Entendemos que talvez a CEFOR tenha uma sobrecarga de matérias, que o Vereador do parecer estava ocupado em outras coisas e não pode fazer o seu parecer em 30 dias. O Ver. Fernando Záchia, autor da matéria, com toda paciência possível, vendo esgotado esse prazo, solicitou, é um direito do Vereador; o art. 81, que se trata de regime de urgência, para que ela pudesse de imediato, no mês de agosto, ingressar na Ordem do Dia para ser discutida pelos Vereadores em Plenário, e quando da sua votação, e há a expectativa da aprovação, para que depois vá ao Executivo. Eu já li manifestações, e eu ouvi pela rádio o Sr. Prefeito João Verle dizer que se a Casa aprovar ele vai sancionar, porque ele entende que talvez isso fosse até um benefício e seria uma maneira de possibilitar àqueles motoristas infratores que estão momentaneamente inadimplentes pelos altos valores das multas e pelas suas dificuldades de pagar que, na medida em que fosse viabilizado o seu parcelamento em quatro vezes, os cofres municipais passariam a receber recursos que até então não estão recebendo pela inadimplência. Entendendo esse espírito, Ver. João Antonio Dib, este Vereador pediu o art. 81 para que esta matéria pudesse ser votada durante o mês de agosto. Nós sabemos que há um processo eleitoral no mês de outubro e, talvez, isso altere um pouco o dinamismo desta Casa, mas que o objetivo seja nós votarmos já no início do mês de agosto, para que, sendo aprovado e sancionado pelo Sr. Prefeito, isso possa ser, de imediato, implantado na cidade de Porto Alegre.

Os motoristas não estão reclamando das suas multas, das suas penalidades, mas das suas situações financeiras, da crise econômica que o Brasil vive, dos valores absolutamente altos de algumas multas - esses valores foram definidos pelo Congresso Nacional, quando aprovou o novo Código Nacional de Trânsito -, por isso, sentem-se impossibilitados de pagarem, de regularizarem as suas situações. Por exemplo, no início do ano, quando vão pagar o IPVA, eles não têm condições porque tem um dívida de multa muito alta. Então, com essa possibilidade de parcelamento em quatro vezes, ele diluiria, ou seja, o motorista que tem um débito, por exemplo, de 800 reais pagará quatro parcelas de 200 reais. No entendimento deste Vereador, isso viabilizará esse processo. É difícil, é penoso, é duro pagar 200 reais por mês, mas é preferível regularizar uma situação pagando 200 reais por mês a ficar devendo 800 reais; não pagando os cofres municipais não recebem e o motorista circula pela cidade de Porto Alegre de maneira absolutamente irregular por ter um débito com o DETRAN.

Então, este Projeto tem o objetivo único de viabilizar o pagamento e regularizar a situação daqueles motoristas que hoje são inadimplentes, não por que querem ser inadimplentes, pois eles concordam e sabem que deveriam ser penalizados, porque foram infratores, mas eles, hoje, não têm uma condição financeira de poder pagar essas multas. Esse seria o mesmo procedimento que se faz com outros tributos no município de Porto Alegre. Por exemplo, as pessoas que devem IPTU, vão à Secretaria Municipal da Fazenda e a elas é dada a condição de parcelamento.

O que nós estamos propondo é que no somatório de multas que há por parte dos motoristas infratores, seja possibilitado a ele o seu devido parcelamento e, por isso, justifico aqui a solicitação do regime de urgência, para que – é um compromisso que assumo com todas as pessoas interessadas – tentemos votar essa matéria no início do mês de agosto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Antes de encerrar, eu gostaria de dizer que também me congratulo com o 1.º aniversário do Estatuto da Cidade, e lembrar que a Prefeitura de Porto Alegre, muito ciosa da sua arrecadação, tem, na alíquota progressiva do IPTU, a absurda alíquota de 30%, não a de 15% hoje prevista no Estatuto da Cidade. Saúde e paz.

Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 10h24min.)

 

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